sexta-feira, setembro 17, 2010

Outono das emoções

Tenho sentido os dias cinzentos.

Talvez seja a chegada do Outono que sempre me deixa mais triste. O cair da folha, o enfraquecer da luz do sol, os dias que diminuem.

Talvez seja o ter decidido ao mesmo tempo começar de novo. Despir totalmente a roupa velha do coração. Deixar de vez para trás o que perseguia há um ano, o que sabia que mais cedo ou mais tarde teria que decidir abruptamente.
Foi mais tarde… um ano mais tarde… e não dói menos por isso. Não dói menos mesmo quando sabemos que não há outra forma, que não há outro caminho. É um pleno vazio, uma dor seca essa de desistir, largar totalmente, abandonar de uma vez por todas, para nunca mais, uma vontade, sonho, desejo… uma paixão... na qual investi tanto de mim, e sem remorsos. E não haver mais lugar para o canto onde fui tão feliz. É uma dor sem raiva, sem fúria, sem injustiças. É apenas a dor de um adeus adiado ou antes prolongado. Que não faz chorar, porque já chorei tudo o que havia de lágrimas para verter. É a ausência, mas a ausência já sem saudade. O abandonar, quando ainda nos estendem os braços. O largar o que ainda insiste em ficar colado em nós. É menos, muito menos expressiva. É uma dor que apenas me deixa sem voz, mas com tantos pensamentos.
E começar de novo… mas neste momento ainda sem começar. Ainda naquele espaço de tempo em que nos despimos das roupas velhas, rasgadas, sujas e ainda não temos roupas novas para vestir. Em que nem sabemos o que vamos vestir ou o que pretendemos. Ainda me sinto sem roupa... no limbo. Mas seguindo em frente... andando, com força anímica que por vezes não sei de onde vem. Mas existe e faz-me caminhar. Talvez por saber que apesar de doer, estou no caminho certo. E tenho tanto à minha espera. Tanto para desejar e para me entregar.

E o cinzento aumenta quando à minha volta o mundo me entrega sonhos que não quero sonhar, desejos que não posso desejar. E fico mais uma vez num limbo, andando mas sem saber qual o passo a dar. Mas ando… ando sempre… por vezes calcando em falso, errando o passo, mas caminhando (ou por vezes correndo, fugindo). Sigo em frente, no presente que é tudo o que possuo, sigo em frente para dias mais coloridos, que já vejo a espreitar!

Ju

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