segunda-feira, março 14, 2011

Eu e tu somos muitos!

Estar apaixonado, amar, é quase sempre um conto de fadas, um encanto de uma por outra pessoa.
E enquanto se namora (cada um na sua casa) as coisas são mais ou menos simples, estamos com a pessoa que gostamos, e que idealizamos, um determinado tempo e depois vai cada um para sua casa. Mas na verdade nunca chegamos a conhecer verdadeiramente a outra pessoa. É quase sempre uma relação utópica... por aquilo que imaginamos que o outro é!
O que se complica, a partir do momento em que começamos a partilhar o mesmo tecto diariamente, consecutivamente. Nessa altura temos que partilhar o mais intimo de nós próprios.
Não há espaço para, quando há zangas, ir cada um para a sua casa e "depois falamos"... no máximo pode ir um dormir para o sofá!!! Mas ainda não me habituei a essa ideia, gosto de resolver as coisas o mais rápido possível. Ir "dormir chateada" é para simplesmente não dormir de todo.
Por isso há mais "conflitos", porque ambos temos que aprender a ocupar um espaço, a dividir o espaço, a ter que encarar o outro mesmo quando não queremos.
Eu falo por mim... sempre fui bastante individualista nas minhas relações, sempre foi ou "como eu quero" ou "boa viagem"... Por isso sempre foi relativamente fácil para mim não me ligar totalmente a alguém.. apesar de que num "contra-senso" as minhas relações "sérias" sempre terem sido duradouras... entre 2 a 4 anos.
Mas em todas eu tenho, agora, a noção que eu era totalmente independente, saía quando queria, ficava em casa quando queria, amuava quando queria, discutia, dizia o que queria, acho que fui muitas vezes imperialista.
Eu tenho vários momentos em que gosto da solidão... (talvez por ser filha única, não sei!!) sempre tive determinados dias em que não quero sair, não quero ver ninguém, quero ficar no "meu mundo".. o que mesmo vivendo com os pais é relativamente fácil... fecho-me no meu quarto e fico no meu espaço... numa de "Não incomodar" na porta!
Mas a viver com alguém com quem temos uma relação amorosa e que dorme diariamente connosco torna essa maneira de estar praticamente impossível. não posso simplesmente dizer "olha, hoje, éh páh, não me apetece ver ninguém, pega nas tuas coisas e vai dormir a casa dos pais".... Apesar de que acredito que possa haver quem o faça..
Isso já aconteceu comigo... estar numa "fase" em que quero estar comigo.. mas a partir de um determinado momento, a pessoa que vive comigo passou a fazer parte desse "meu mundo" e já não faz sentido se ele não estiver "ali" comigo.
Essa é a parte interessante de viver junto... é que ao conhecer-mos realmente a pesso, ou simplesmente chegamos à conclusão que não somos nada compatíveis... ou (felizmente o meu caso) chegamos à conclusão que vale a pena lutar contra o nosso ego porque a vida sem determinada companhia torna-se mais vazia.
E o mais interessante é que chega a determinada altura em que deixa de ser "LUTAR" e passa simplesmente a ser viver em conjunto, ceder quando é preciso, mas sem a sensação de esforço terrível.
Por vezes ainda é um esforço, ainda quero ser eu a ditar as regras da minha vida!!!! Mas a minha vida Agora é vivida em conjunto com outro ser.. que tem defeitos, que tem dias maus, que nem sempre lhe apetece ouvir o que eu tenho para dizer, que fica cansado também e que provavelmente tem momentos em que também gostaria de estar de novo no "seu mundo", que em certos dias é tudo aquilo que eu idealizava, outros não chega nem a metade daquilo que eu "queria" e noutro supera todas as expectativas..
Viver em conjunto é sem duvida um verdadeiro aprendizado sobre as relações inter-pessoais... deixamos de ser "Eu no meu mundo" para ser "Nós"... em dias bons e menos bons!

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